sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A flor, a Pedra e a Borboleta


Um dia acordei numa casa diferente. Era pequena, parecia feita sob medida para mim.   Uma casa antiga e simples, paredes azuis e janelas brancas amplas que davam para um belo jardim. Perguntei-me o que aconteceu, quem me trouxera até ali e onde estaria minha casa, que eu conhecia como lar. Corri para fora.
Ouvi alguém chamar meu nome. Vi uma flor e ela disse-me para não me preocupar, pois onde quer que eu estivesse meu lar chamar-se-ia Coração. E como qualquer outra casa, receberia sempre muitas visitas, às vezes rápidas, outras mais demoradas e poucas eternas. Algumas ficariam até o inverno passar ou chegariam em plena primavera.
Sem entender bem, sentei-me numa pedra para pensar. Outra vez ouvi alguém chamar meu nome. A pedra estava reclamando comigo, porque eu não a vi. Desculpei-me. Então ela falou que não desse ouvidos àquela flor, pois deveria manter a porta da minha casa sempre fechada, firme e forte. Nem todas as visitas deveriam ser bem-vindas, pois alguém poderia entrar e derrubar-me num piscar de olhos.
Fiquei mais confusa ainda. Por que estavam me dizendo isso? Queria só estar em segurança, saber onde estava o meu chão.
Novamente, ouvi alguém chamar meu nome, dessa vez baixinho. Vi uma borboleta pousando em meu ombro. Ela apenas sorriu. Disse-me que a pedra estava sendo injusta, porque ninguém era obrigado a ser tão dura como ela. Suavemente, sussurrou que eu não deveria ter medo. Se quisesse, às vezes, poderia escolher manter a porta fechada por um tempo, porém que deixasse as janelas bem abertas para a luz do sol refletir sobre o branco e iluminar o ambiente. Disse-me que o mais importante não era estar em segurança ao final do dia, mas sentir o calor do mundo lá fora e ficar atenta para não deixar escapar alguém que pousará em minha janela pelo destino.
Queria saber do que a borboleta estava falando? De quem ela estava falando?
Mais uma vez ouvi alguém chamar meu nome. Reconheci a voz familiar. Abri meus olhos e ouvi minha mãe. Era hora de acordar, estava completamente atrasada para a aula.

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